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Lo que es creado por el espíritu es más vivo que la materia” 

― Charles Baudelaire


Frases y Citas - http://akifrases.com

 

 

PROJETO

VIRTUAL EXHIBITION OF INTEGRAL LIFE

www.danichineider.com

 

Daniela Fernandes Chineider. Virtual Exhibition of Integral Life. ESAP - Institute of Advanced Studies and UNIVALE - Integrated Colleges of Vale do Ivaí. Lato Senso Postgraduate Course Monograph on Art and Education: Complementing Musicalization

 

SUMMARY

 

This work of conclusion of course shows, in a poetic way, the work directed to the arts, where it is described the formation of a project containing painted images that were recognized, along with the other arts of which they are part of this artistic project, , Music and paintings that have been recognized inside and outside this nation, as a multi media exposure, must contain more than one type of art. In this work, besides the text, there are images of paitings, expositions, critics and other contents that have occurred here and in the European continent. The phenomenological description makes this work of course completion, an odd work, because it transcribes in its lines, information, works, opinions, criticisms, explanations, acknowledgments and other facts related to this project.

 

Keywords: Creation Process - Art Exhibition - Physical and Virtual Environment.

 

Daniela Fernandes Chineider. Exposição Virtual de Vida Integral. ESAP – Instituto de Estudos Avançados e UNIVALE – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. Monografia de curso de pós-graduação Lato Senso em Arte e Educação: Com Abrangência em Musicalização

 

 

RESUMO


Este trabalho de conclusão de curso mostra, de forma poética, o trabalho voltado às artes, onde é descrito a formação de um projeto contendo imagens pintadas que foram reconhecidas, juntamente com as demais artes das quais fazem parte deste projeto artístico, nele, se encontram, a música e pinturas que foram reconhecidas dentro e fora desta nação, pois uma exposição multimidiática, deve conter mais de um tipo de arte. Nesta obra, além do texto, existem imagens de pinturas, exposições, criticas e demais conteúdos que ocorreram aqui e no continente europeu. A descrição fenomenológica torna este trabalho de conclusão de curso, uma obra impar, pois o mesmo transcreve em suas linhas, informações, obras, opiniões, criticas, explicações, reconhecimentos e demais fatos ligados a este projeto.


Palavras-chave: Processo de Criação - Exposição de Arte - Meio Físico e Virtual.

INTRODUÇÃO


1.   Apresentação:

O projeto é resultado da pesquisa: Desta pesquisa virtual, teórica e imagética com referências e influências artísticas e comportamentais que resultou na primeira Exposição Virtual de Vida Integral (VIRTUAL EXHIBITION OF INTEGRAL LIFE), com o subtítulo: Qual é o seu papel? Nenhum papel? Ser essência? Com vinte e uma pinturas selecionadas, produção de 2014, feitas em (Acrílico sob papel Montval)  e a produção de 2015, com o subtítulo : Forma, com 10 pinturas selecionadas feitas em ( Nanquim sobre papel  Montval). Em 2016, com o subtítulo: I Found The Love, It  was the Night, com 14 pinturas selecionadas, feitas em (Acrílico sob papel Montval). Resultando a partir da metade do ano de 2016 e inicio de 2017, com o  subitítulo: The Sky Near The Earth, com 28 pinturas selecionadas, feitas em (Acrílico sob papel Montval).

 

  Serão apresentadas na respectiva data, 11 de março de 2017 no Museu de Arte de Londrina (PR), ficará em cartaz durante 2 meses. Baseado na máxima “tudo faz sentido, quando sentido”, a exposição é resultado da pesquisa virtual que antecedeu o trabalho e que se estende para o real na busca de provocar a reflexão no espectador de qual é o seu papel no mundo. Agora não mais divididos entre real e virtual, mas unidos em um único espaço físico, através de diferentes produtos e atividades objetivamos proporcionar ao público uma experiência única do trabalho do artista, e reforçamos o questionamento: _ Qual é o seu papel? Nenhum papel? (...) , entre outras inflexões.

Através do alinhamento de diferentes atividades e produtos, proporcionar uma sensação de conforto sensorial e de coerência conceitual e estética facilitando a compreensão e fruição dos conteúdos criativos.

Intitulada “Virtual Exhibition of Integral Life”, com o subtítulo " The Found The Love. It was The Night" e “ The Sky Near The Earth”, com 16 pinturas selecionadas, feitas em (Acrílico sobre papel  Montval) mostra o amadurecimento de todo o processo e é  resultado  de uma seleção da produção pictórica de 2016 e inicio de 2017. Esta seleção feita através da curadoria de Héctor Barrón Soto (Cidade do México) Mestre e Academico da Universidade Nacional Autónoma do México, escritor, poeta e curador)que o mesmo intitula em seu texto, " Daniela Chineider: A carne tremula". À medida que a Galeria ArteLibre localizada na Espanha  representa comercialmente a artista na Europa, mostra que acima de tudo que o trabalho está de acordo com os mais exigentes mercados de arte internacionais, o que também motivou estender esta experiência on line para o ambiente real. Em 2016 a artista fora premiada em Barcelona. Durante o mesmo ano fora selecionada para 3 Mostras Internacionais na Europa e nos Estados Unidos. A artista esta catalogada desde 2016 na Espanha (Europa) juntamente com outros artistas internacionais.

  • PROCESSO CRIATIVO

O tema é envolto de instantes inspiradores e com pausas enfocadas para o seu desenvolvimento empírico e real. Segue uma lógica para resolver o caos no plano das ideias inspiradoras na medida em que envolve o ato pictórico a fim de incorporar a forma e a paleta de cores para a superfície do papel. O período de ápice do processo criativo é durante a noite até os primeiros raios da manhã. Existe um distanciamento no momento de decidir a forma, as figuras e os tons. Distancio-me em cada traço e na incorporação dos tons para o papel. Buscando uma comunicação sincera e impessoal. Que se distancia do meu querer. Do meu gosto pessoal. A pesar de ser um processo autônomo, quando o artista possui o livre arbítrio para reger cada passo.

 

Em busca de uma coerência artística no olhar  cuidadoso e paciencioso. Quase metódico como o estudo do piano. No intuito de perceber os sentidos e os sentimentos do espirito coletivo empático. Para além do universo interior e pessoal do artista. Esse olhar sensível é a ferramenta para captar a luz do olhar mundano por todas as culturas radicadas na terra. Com o acesso através dos meios virtual e real. Que passa pelo processo da organização, construção e desconstrução literária, musical e imagética. Na procura da  comunicação transparente e imparcial das leis terrena. Num gesto libertador que transcende fronteiras, que rompe com regras, técnicas e  estilos artísticos, logo, o desconhecido, o não catalogado, o errado, o incompreendido, toma forma no processo criativo do artista.

 

O processo criativo da VIRTUAL EXHIBITION OF INTEGRAL LIFE, com o subtítulo “The Sky Near The Earth”, transcorre numa busca incessante por transcender as paredes de concreto do ambiente interno e da alma. Que tiram o ar. Sufocam. Mata. Insuportável, estar internamente solitária e absorvida integralmente pelo ambiente do Estúdio de Pintura. Numa solidão cortante, que corrompe a alma. A artista alimenta-se pelas tintas que costumam viajar até o papel. Num gesto vital a fim de romper com as correntes invisíveis presas ao seu corpo, se faz necessário imaginar e criar paisagens bucólicas com: céus, terra, água, animais, plantas, fogo, gelo, ar, chuva, sol, noite, dia. Movida pela força da natureza para sobreviver à condição de estranheza, de unidade sem par, de inadequação, de egoísmo, de ausência. Agarrar-se ao selvagem, para respirar o amor. O espirito oprimido pela ausência do amor, às vezes idealizado e cheio de sinônimos utópicos nas pinturas. É libertador ir a golpes que variam a frequência e a precisão, quais resolvem o destino de linhas e dos tons da paleta para criar um universo paralelo e único. Marcado pelo sentimento e a sensação da execução e contemplação da criação. Por um momento consegue-se viver outra vida, outro sentimento, outro universo, outra pessoa, outra poesia. Estar lá fora sentindo o vento na cara, nos cabelos, o abraço, o beijo, o toque. A companhia do amor. Da vida plena e abundante. À medida que se faz uma aliança eterna de amor com a arte. E a esperança em compartir com o ser. Com o destino.

Nesse presente por um ato de resignação talvez, deixo por quiçá quanto tempo, o ambiente do Estúdio de Pintura, com as suas paisagens bucólicas impressas nos papéis e além. A fim de assistir o nascer do sol, sentir as luzes externas adentrando o ser, ouvir o canto dos pássaros e ver as águas do lago. Espelho e testemunha desse espetáculo natural e rotineiro. Sem nunca perder a magia. Como a canção de Cartola, “Preciso me encontrar”, pungente em mim, em nós. Repetidas vezes, como a batida do coração.

A tormenta és grande, e não é novidade, pintores desde sempre, se atormentavam com a natureza, de fato, impossível reproduzi-la. Talvez a maior rebeldia e ousadia, seja a do pintor deseja-la para suas pinturas. O paradoxo, és que se faz necessário, busca-la para pinta-la. É vital esse ato. Não tem escapatória. A natureza é o fio condutor da criação, é o tema, é a salvação, é o que aquece que dá alento a dor. A minha dor.  Mesmo tão distante de sua magia, de seu encanto, de sua beleza, de seu mistério, ínsito imagina-la e recria-la em golpes de pincéis no papel como se fosse um labirinto em busca do caminho para  resolver esse caso de amor paradoxal.

 O que provoca náusea o simples deslize de comparação da pintura com tal real grandeza natural. A distancia é como estar à beira de um precipício e olhar por um instante para o seu olho profundo e obscuro. Não se percebe nenhum alento nesse processo de criação, mesmo sendo o único caminho possível. É tão injusto, necessitar viver a natureza na pintura, na medida em que se é um grão de areia diante a sua imensidão irretratável para qualquer arte. É atormenta-se ainda mais. É desiludir-se, desencantar-se com a arte, e se entregar amante de tal magia natural. Tal beleza, oh, és uma deusa com todos os poderes naturais que protegem e ao mesmo tempo destroem o universo. É vital, é morte. É fugaz a sua luz, seus fenômenos, seu ar, seu movimento. Ela não se deixou capturar pelo olhar do pintor, e jamais se deixará. Ela é imaginável.  

 

Como se fosse diferente a cada luz do amanhecer com o olhar atento através da janela do quarto de dormir ou por aí a fotografar o espetáculo das variações de luz e dos movimentos do amanhecer. Assim segue esses dias inusitados, porém, não menos apaixonados pelo destino, que sem razão, rodeia com as suas poesias incompreensíveis e avassaladoras. Arrebatados pelo paradoxo, amor desconhecido em carne e osso e tão vital e natural. Necessário alimento. Fez-se eterna aliança da arte com o amor. O temor os assombra, a tormenta em alguns instantes, presentes sem pintar e escrever. Sincronizados na criação poética, um pouco além do cotidiano de um casal.

  Amanheceu nublado e o escapar do Estúdio de Pintura não fez como querias. Nota-se que ele não escreveu sua poesia para ela golpear o papel com sua paleta tão cuidadosa, recentemente incorporou o carmim em sua paleta, talvez resulte da espera e da paixão. Com os azuis celestiais que dominam os vermelhos, ausentes. Os verdes dominantes que gira a roda da purificação. Os terrosos que são chãos, terra firme. Os rosas das rosas com sua suavidade, feminilidade e espinhos firmes. Os amarelos, a luz e a fortuna espiritual e material que se faz na  pintura. O branco e o negro que são bases na roda da vida. Que lhe dá o direito de tocar o piano. Incorporar o movimento musical com o movimento variável e preciso dos pinceis carregados dessa paleta na frequência rítmica musical. Com pausas para acreditar que sem querer o amor acertou e caio estaqueado em algum ponto do suporte da pintura.

 

A experiência em museus e galerias é baseada na realidade. Monitores podem ser prazerosamente hipnóticos, mas observar uma obra numa tela de vídeo não substitui o contato com o original. O objeto real é mais poderoso e as exposições constituem um instrumento-chave para permitir o acesso público aos acervos de museus e galerias.  É claro que a repercussão e os avanços dos recursos tecnológicos torna tentador nos esquivarmos do objeto real, resultado da nossa incapacidade de interagir com ele e promover reflexões, questionamentos e associações a partir deles. Buscar esta interação através de múltiplas plataformas é um dos eixos deste trabalho.

A libertação e a autonomia como ferramenta o universo virtual (internet) possibilita globalmente a apresentação do trabalho produzido pelo artista independente. Lembrando que estamos vivendo em uma sociedade que se caracteriza pela grande quantidade de informações e o acesso a muitos recursos tecnológicos. Isto implica em uma mudança na forma de receber o mundo e a todas as suas ideias.  Nas palavras do artista “Através deste conceito contemporâneo me embasei na criação do conceito  “Exposição Virtual de Vida Integral” uma forma de levar  arte aos espectadores ativos. Embora a ideia transpasse o universo virtual para o espaço físico e vice versa. Dessa conversa virtual e física a meta esta a provocar o público  à reflexão das diversas possibilidades do mundo se apresentar no corpo, no tempo e no espaço. A exposição propõe provocar o olhar e a sensibilidade através da arte no espaço virtual e no espaço físico entrelaçado numa mesma proposta: Levar arte, aprendizagem e as várias formas do olhar no tempo e no espaço.”

A exposição contemplara ferramentas de multimídia garantindo ao espectador transitar entre o virtual e o real no mesmo tempo e espaço. Vídeos com imagens de todas as obras desde 2014, poesias, pesquisas poética, trilha autorias ao piano, que será transmitido durante a exposição.  De forma que o cotidiano apresentado pela pintura em pixels ou exposta na arquitetura do espaço físico possa ser apreciado em suas diferentes linguagens. Buscando esta interação serão várias as atividades que envolverão o público que poderá interagir, seja contemplando as obras reais em exposição, viajando pela galeria virtual,  participando das oficinas ou levando consigo  uma das pinturas como tela de fundo para o celular ou pc.

Esta interação entre real e virtual, bem como o contraponto entre espectador e artista também será provocada através da oficina que possibilitara aos participantes tornarem se parte ativa da exposição uma vez que as obras produzidas durante as oficinas ganharão uma galeria virtual intitulada “ Galeria Virtual Aquarela com poesia” clipping.

A metodologia do processo de criação se dá pelos sentimentos e pela percepção, todos os sentidos sensoriais estão interferindo nas cores, no traço, na linha, no gestual durante o ato pictórico. O tema recorrente neste termo envolve o cotidiano, o ambiente, o corpo, o espaço e o tempo.

Garantindo a autonomia na aprendizagem num processo de construção individual, que se dará a partir das relações, práticas, conexões e interações que o aprendiz estabelecer com o ambiente que lhe será apresentado. Por ser um processo gerado de maneira colaborativa, o  artista/professor terá papel de destaque na sua tecitura ao se configurar como mediador pedagógico que é capaz de estimular e desafiar o publico a construir novos saberes, seja individual ou coletivamente.

  • PROCESSO DE CRIAÇÃO I

 

Neste capitulo, vamos a primeira instancia definir o que venha ser o conceito de percepção e imaginação na construção da arte. Portanto, iniciamos a nossa reflexão, diferenciando a forma como as correntes abordam essas questões na arte. Para a corrente intelectualista a arte permite uma associação das sensações e percepções levando o participante ao conhecimento. Contudo, a passagem da sensação para a percepção, é, neste caso, um ato realizado pelo intelecto do sujeito é que confere organização e sentido às sensações. Para esta corrente intelectualista a sensação conduz à percepção como síntese ativa, isto é, que depende da atividade e do entendimento. A diferença entre o intelectualista e os fenomenológicos, é que para os primeiros “ a percepção tinha a função de juntar e somar partes e elaborar uma síntese. Já para os fenomenológicos como Russel, Ponty e Gesthalt, mostram que não há diferença entre sensação e percepção, porque nunca temos sensações parciais, separadas que o espirito ou o intelecto juntaria e organizaria.

 

Para a fenomenologia sentimos e percebemos formas, isto é, totalidade estruturadas, dotadas de sentido ou de significação. (CHAUI, 1977, p. 121) A fenomenologia considera que não existe ilusão, na percepção, perceber é diferente de pensar e não uma forma inferior e deformada do pensamento; podemos considerar desta perspectiva que a arte permite o desenvolvimento do nosso campo perceptivo, aprofundando, refinando nossas percepções, abrindo portas para a compreensão do nosso mundo pessoal e do mundo de uma forma diferente do pensamento racional, porém nunca inferior, perceber é conhecer.

 

Devemos distinguir imaginação e percepção:

 

“ A imaginação criadora do artista sempre pede auxilio a percepção, a memoria, as ideias existentes, para cumprir-se como criação ou invenção.” (CHAUI, 1977,p.133)

 

Talvez seja importante caracterizar bem o que é processo criativo do artista, que é produto do seu imaginário, da percepção, do publico que entrara em contato com a sua obra. O publico “percebe” não imagina, para os fenomenológicos. Ou, podemos dizer que as duas coisas podem ocorrer. Gostaria de enfatizar que eu não tenho a intenção de transformar o participante em um especialista de arte, apenas abrir as portas da percepção e do seu imaginário de forma livre e não determinada. Neste sentido, a espontaneidade e a liberdade devem estar presentes nesta interação. Desejo provoca-lo, desejo desperta-lo. É importante frisar que depois que a obra foi postada na internet, a diferença essencial, ou seja, a autonomia do artista,entre o autor e o publico esta a ponto de desaparecer, porque o publico se apropriara das ferramentas disponíveis na internet e, poderá interagir com a imagem da obra a modificando através dos recursos tecnológicos e o seu olhar.

 

Segundo Fayga Ostrower, as imagens vemos em “partes” ou “totalidades”, não são noções absolutas. Elas são redefinidas, a partir de contextos que cada vez se formam de maneira diferente. Isto ocorre em nossa percepção de modo intuitivo, sem precisarmos refletir sobre cada lance de vista ou analisar intelectualmente a leitura dos diversos campos visuais, que se estabelecem, se dissolvem e se reformulam. É no ato mesmo, ao focalizarmos certos aspectos, que os enfoques se estruturam em contextos, e estes contextos definem para nós a “identidade” das formas e também os significados que possam ter naquele momento. Ao estabelecermos intuitivamente os contextos indica que de certo modo os buscamos como ordenações que façam sentido para nós. Logo, ao percebemos, criamos os contextos significativos.

   

Exemplificamos citando a seguinte frase daGESTALD:

 

“ O todo é mais do que a soma de suas partes.”

 

Logo, entendemos que a palavra chave não é “mais” – não há nenhum ingrediente misterioso modificando o todo- e sim “soma”. Ou seja, o todo nunca é apenas uma soma das partes, uma dição. O todo é a integração de suas partes. Através da integração em um conjunto, surge uma nova totalidade com qualidades novas. Tais qualidades são novas: ou seja, elas não correspondem simplesmente à conjugação de qualidades que existiam nos diversos componentes; além disto, estas qualidades novas são irredutíveis a um estado anterior.

 

No processo de criação pode se dizer que ao iniciar uma pintura, o artista começa e às vezes recomeça, por ainda não conhecer os detalhes do caminho e muito menos pode prever o momento final. Na imagem que vai sendo formada e reformada, cada pincelada, cada linha e cada cor que forem introduzidas hão de alterar o caráter global da composição. A partir da totalidade que assim se modifica, se determinará de novo o sentido de cada pincelada já existente ou e cada pincelada a ser acrescentada. Durante o trabalho, a situação contexto-componentes permanecem fluida, podendo mudar de momento a momento. O propósito do artista- aquilo que ele tem em mente, embora não precise explica-lo a outros ou a si mesmo- é poder chegar a uma composição com equilíbrio interno onde nada falta e nada seja demais. Com o contexto sendo continuamente dissolvido e reformulado, este estado de equilíbrio só poderá ser alcançado através de uma série de desequilíbrios e reequilíbrios, imprevisíveis e, portanto impossíveis de serem antecipados, porém logo reconhecidos quando avistados. Conclui Fayga, que não seja difícil transpor as decisões do trabalho artístico para nossas vivencias do cotidiano: estas situações de não equilíbrio que devem ser reorganizadas e continuamente reequilibradas fazem parte do viver.

 

A música está presente no processo de criação, segundo Nietzsche “ Sem música, a vida seria um erro.” Neste sentido, introduzo trilhas e improvisos ao piano para a criação dos vídeos, assimcompondo o conjunto com as imagens pictóricas. Para Fayga, tudo o que foi dito sobre música também poderia ser dito sobre as artes plásticas. Os termos concretos das duas linguagens são inteiramente diferentes, porém os princípios ordenados são análogos. Em ambas, o movimento é portador das estruturas formais. No movimento, se fundem, indissolúveis, as categorias básicas de nosso ser: que são o espaço e o tempo transcorrendo através da percepção da dimensão espacial. (Na realidade, nem precisamos conceituar a dupla referencia a espaço/tempo. Como categorias isoladas, elas só existem intelectualmente, concebidas em nossa capacidade de abstração, mas não na sensibilidade e em nosso pleno ser.) A diferença entre as duas linguagens se estabelece a partir de sua matéria especifica. Esta determina as possíveis formas de desdobramentos e, sobretudo, determina se o curso de desdobramento formal transcorrer prioritariamente ou no espaço físico ou no tempo físico. Portanto, é neste sentido que a música pode ser considerada uma linguagem de tempo, enquanto as artes plásticas se caracterizam pelo predomínio do espaço físico, como linguagem visual, toda ela constituída por termos espaciais.(OSTROWER, 1999, p. 38)

 

O processo do artista, podemos dizer que é através de experiências primordiais do espaço que se estruturam os processos de percepção de auto percepção, e ainda o senso de identidade de cada pessoa, junto com as noções básicas de orientação espacial e de equilíbrio interior (físico e psíquico). Eis a razão principal por que a linguagem das artes plásticas pode ser universal e permanecer atual diretamente acessível à sensibilidade das pessoas. Suas formas expressivas são sempre padrões espaciais. Como tais, não precisam de tradução ou modernização. São referidas as experiências básicas feitas por cada um de nós. Não fosse assim, como poderíamos apreciar obras de arte que foram criadas em épocas e circunstancias de vida tão diferentes das nossas, e como entenderíamos, mesmo na total falta de informações, a essência de um conteúdo expressivo incorporado nas imagens?

(OSTROWER, 199, p. 40)

 

Ao pintar uma imagem, o artista parte de um plano pictórico. É uma superfície ainda vazia. No entanto, ela já constitui uma forma de espaço. A superfície tem margens, limites. E por ter limites, ela tem uma forma. No trabalho artístico, a forma do plano pictórico representa um contexto espacial primeiro. Contexto primeiro e constante, pois as delimitações do plano (ou do outro suporte) continuam funcionando como referencial, tanto no processo de elaboração formal quanto na imagem concluída. É justamente através de comparações, entre estrutura bidimensional do plano pictórico e a pluridimensional da imagem criada, que podemos avalizar a extensão do caminho andado pelo artista e também a lógica interna da obra, sua expressividade.Desse modo, as obras de arte resultam sempre de processo de transformação, onde se parte de determinados dados e se chega a outros.

Nas obras de arte, o conteúdo expressivo é articulado através de formas espaciais. Qual, porém, seria a visão do espaço? Fayga afirma: “Só há espaços vividos.” Em cada obra e cada época, há “um” espaço. Um possível espaço. Não existem espaços neutros na arte. Sempre são espaços vividos e carregados de vivencias, e as vivencias são transportadas para uma linguagem que em si mesma já é expressiva. Não sendo neutras, elas certamente podem ser objetivas- objetivas diante da experiência. Voltemos à estrutura do plano pictórico. É uma superfície, um espaço bidimensional, em cuja forma se integra duas dimensões: largura e altura, ou seja, horizontalidade e verticalidade. Elas se fundem de modo indissolúvel, tanto assim que se torna impossível ver na superfície uma dimensão sem outra. Em nossa percepção, a forma espacial da superfície adquire uma estabilidade extraordinária, porque as duas dimensões se qualificam mutuamente e se contrabalançam a ponto de frear a expansão da outra no espaço livre- restringindo também a elaboração de aspectos rítmicos, o que confere a todas as superfícies, mas, sobretudo às mais regulares, certa imobilidade. Esta avaliação: de “estabilidade” ou de imobilidade, nada tem de neutro. De fato, não faria sentido em termos de geometria. (OSTROWER, 199, p. 42)

 

Observa-se o Impressionismo, um estilo assim descritivo, com uma temática cotidiana: a luz atmosférica, a simples luz de todos os dias. Este tema, que poderia ser banal e ter tratamento banal, adquire na visão poética uma dimensão de realidade maior, de sobretons quase mágicos, tocando no mistério da existência – as formas expressivas do então novo estilo ampliando os próprios termos da linguagem e, através da linguagem, ampliando e moldando nossa sensibilidade ( tanto assim, que ainda hoje é impossível “ver” Paris em certas horas do dia a não ser através do olhar impressionista). Pude viajar à Paris e ter essa vivencia extraordinária em 1998. Vejamos nesse sentido a obra de Paul Cézanne (1939-1906). Quando se olha as pinturas na plena maturidade de seu estilo, observa-se que cada pincelada corresponde a uma pequena superfície que é superposta a outra superfície; ela é vista como estando na frente ou atrás de outra pincelada. Uma superposição. Cézanne saiu do impressionismo e de sua temática pictórica: a atmosfera luminosa. Ao traduzirem os efeitos da luminosidade em termos de cor, os impressionistas formulavam espaços fluidos, constituídos por inúmeras pequenas manchas de colorido vivo, distribuídas uniformemente nasuperfície do plano pictórico ( a grade contribuição do Impressionismo foi a vibração e a vivacidade das cores, o enaltecimento de sua sensualidade). No entanto, a despeito do elevado grau de excitação cromática, as imagens apresentam poucas estruturas mais firmes e mais rigorosa eram bastante restritas ( sobretudo a partir da cor, no sentido de fusão e não no da tensão espacial). Essencialmente entende-se que este problema surge tanto em função da atitude objetiva e analítica dos artistas diante do motivo pictórico, como também em função do próprio motivo: a atmosfera é simplesmente fluida demais para ser delimitada ou estruturada ou, por outro lado, para se interpretada de modo mais subjetivo. Foi este problema estrutural, e também expressivo, que levou Cézanne (assim como outros artistas do grupo impressionistas) a empreender a busca de outra noção de espaço e outra estrutura. O que faz de Cézanne, além de artista grandioso, o grande se humano, de uma profundidade e de experiência e de uma capacidade imaginativa fora do comum, é que, através de sua linguagem artística – e de seu estilo, que irá revolucionar toda a arte do século XX - , ele conseguiu formular uma nova visão cósmica da realidade. Vinculamos a genialidade

+ de Cézanne à sua grandeza humana, não com intenção romântica de querer idealizar a figura do artista, mas ao contrário, para ressaltar a noção do real de vida, e de vivencia, que é traduzido pelo estilo. Este ponto deve ficar bem entendido, porque infelizmente o estilo se confunde, nos dias de hoje, com meros modismos. Por isso, há que repeti-lo com toda ênfase: as formas de estilo jamais são inventadas ou inventáveis, assim como uma experiência de vida jamais é inventável. Neste sentido, considero o meu processo de criação com estilo livre, experimental, uma expressão da realidade e das vivencias cotidianas reais e virtuais. (OSTROWER, 199, p. 46)

 

 

Refletindo sobre a série de pinturas “Cidade do México”, ouso traçar uma analogia com Cézanne, como uma aventura que ele se lança apaixonadamente, desse modo, atrevo-me sentir e pensar e fazer. Na maneira de articular a configuração espacial, Cézanne é da maior coerência (sem jamais tornar esquemático), procurando estabelecer um equilíbrio dinâmico entre todos os componentes. Já nas superposições, os recuos para o fundo são compensados por avanços simultâneos. Os movimentos visuais ocorrem de todos os lados, sem serem centralizados, em padrões espaciais e rítmicos interligados. Os vários elementos que Cézanne introduz na composição: linhas, superfícies, cores, e o modo como ele os relacionam se orientam na mesma visão de movimento e de profundidade na estrutura global. Vemos que a cor está sendo elaborada formalmente através de relações de tons quentes/frios. Quando vemos tons quentes e frios lado a lado, dá-se um efeito de vibração no campo visual, um movimento de simultâneo avanço/recuo; enquanto as cores quentes parecem avançar, as frias parecem recuar.) É fácil entender a lógica, tanto em termos estruturais como também expressivos, por que Cézanne tenha escolhido- intuitivamente- esta relação coloristica: ela acompanha, na elaboração especifica de cores, o desdobramento formal das superposições, os avanços e recuos para a profundidade. Além disso, Cézanne ainda articula as linhas, introduzindo uma movimentação lateral complementar, através de sequencias lineares que levam o ritmo visual apara todos os lados, de margem a margem. Assim, ele também reformula a presença (e função) do plano pictórico: o plano bidimensional servindo como padrão de referencias para avaliar a extensão e a pluralidade de dimensões (linhas, planos, profundidade, tempos) atuantes na imagem. Cézanne sempre falava das dificuldades de captar o que chamava de “suas sensações” – neste mergulho direto ao fundo de sua sensibilidade- transcendendo o ato sensorial ao torna-lo revelação não sensorial de uma ordem maior. Devia ser mesmo dificílimo manter-se aberto, em total estado de receptividade perante a plenitude da vida, e ainda preservar em si uma atitude lúdica e seletiva para poder ordenar as formas significativas. Nas suas imagens, Cézanne transmite uma visão da perene vitalidade da Natureza, da unidade e inter-relação de todos os fenômenos em incessante movimento e transformação. No equilíbrio final entre o geral e o particular, tudo canta tudo vibra tudo se interliga e se sustenta reciprocamente, simultaneamente. Nesta visão de Cézanne, nunca se perde em abstrações, resguardando a plena sensualidade dos fenômenos naturais e até mesmo caracterizando-os em sua conformação distinta, montanhas e rochas, água ou céu, folhagens ou figuras humanas. Mais um milagre entre milagres de sua criação.(OSTROWER, 199, p. 48)

 

 

Autonomia


As cores e as formas não imitam, copiam ou representam as aparências da realidade. São inventadas pelo imaginário do artista. Uma forma de Realismo intelectual. Na pintura, praticadas imemorialmente, existem duas espécies de realismo _ o realismo visual e o realismo intelectual. No realismo visual, o pintor representa apenas aquilo que vê ou está sob a sua percepção visual direta. No realismo intelectual, o pintor representa não a rigor o que vê, mas o que sabe que existe, embora não esteja vendo. Os desenhistas das cavernas, praticando o realismo visual, praticavam também o realismo intelectual quando representavam não o que viam, mas o que não viam, porém sabiam existir. Num boi de perfil, por exemplo, representavam de frente uma das patas dianteiras. Ora, no boi de perfil, não poderiam ver a pata da frente. Traduziam, portanto, não a experiência de uma sensação visual, mas a de um conhecimento intelectual. ( CAVALCANTI, p. 129)

No cubismo, os cubistas utilizavam a sua forma de realismo intelectual. Os cubistas propuseram-se solucionar esse problema utilizando a um só tempo os realismo visual e intelectual. Passaram a fazer a decomposição dos objetos, na intenção de sugeri-la na totalidade, como se a tivéssemos visto integral e simultâneo. Decompunham-na em ângulos, quadrados, retângulos, que se cruzam, entrecruzam e interpenetram.  Essa decomposição se fazia, no entanto, de modo arbitrário, sem obediência ou fidelidade à estrutura  do objeto representado, mas conforme a imaginação ou as experiências da sensibilidade do artista. (CAVALCANTI, p. 129). A partir deste conceito _ realismo visual e realismo intelectual, parto para a experiência em  meu processo de criação. Considerando o campo do sensória o fio condutor para a realização da obra em questão.

Tenho a convicção sobre a seguinte afirmação de Ingres, “O desenho é a probidade da arte.” gravada sobre sua assinatura no mármore do pequeno monumento que lhe foi dedicado no vestíbulo do curso de desenho chamado Curso Yvon, na Escola Nacional de Belas- Artes. (VERVE, v.I, n.1, dez. 1937)

Compactuo da afirmação de Matisse “ Meu desenho é a tradução direta e mais pura de minha emoção. A simplificação do meio o permite. No entanto, esses desenhos são mais completos do que talvez pareçam a alguns, que poderiam considera-los simples esboços. Eles são geradores de luz; visto num dia nublado ou uma iluminação indireta, contem claramente, além de sabor e de sensibilidade de linha, a luz e as diferenças de valores correspondentes à cor.”

Refletindo sobre a série de pinturas “Obras Inacabadas, ausência”, ouso traçar uma analogia com Henry Matisse (1869-1954).

“Nunca me imponho violência alguma; pelo contrario, sou o bailarino ou equilibrista que começa o seu dia com várias horas de exercícios de alongamento, para que todas as partes do corpo lhe obedeçam quando, diante do publico, ele quiser traduzir suas emoções com uma sucessão de movimentos de dança. Lentos ou rápidos, ou com uma elegante pirueta.”

Quanto à perspectiva: meus desenhos a traços definidos sempre tem seu espaço luminoso e os objetos que os constituem estão em seus diferentes planos, portanto em perspectiva, mas em perspectiva de sentimento, em perspectiva sugerida. Sempre considerei o desenho não como um exercício de habilidade especifica, mas sobre tudo como um meio de expressão de sentimentos íntimos e descrição de estados de espírito, porém simplificado para conferir maior simplicidade, maior espontaneidade à expressão, que não deve pesar no espírito do espectador. Apesar da ausência de traços entrecruzados, de sombras ou meios-tons, não evito o jogo dos valores, as modulações. Modulo com meu traço mais ou menos grosso, e principalmente com as superfícies que delimita em meu papel branco. Modifico diferentes partes do papel branco, sem tocar nelas, mas por meio de vizinhanças. Isso se vê claramente nos desenhos de Rembrandt, de Tuner e dos coloristas de modo geral. Em resumo, trabalho sem teoria. Tenho apenas consciência das forças que utilizo e sigo em frente, impelido por uma ideia que só venho a conhecer realmente à medida que ela se desenvolve durante o andamento da pintura. ( in: Le Point, n. 21, jul. 1939)

Em seus escritos Matisse descreve: “A linha que meu lápis traça sobre a folha de papel faz lembrar um pouco o gesto de homem tateando seu caminho no escuro. Quero dizer que o percurso é imprevisto: não conduzo, sou conduzido(...) Talvez seja porque sou guiado apenas por um impulso interior, que vou traduzindo à medida que ele adquire forma, e não tanto pelo exterior que meus olhos fitam e que no entanto, nesse momento preciso, não me é mais importante do que um débil lampejo que então seguirei, sempre inventando meu caminho para chegar até ele. Esse caminho tão interessante não será também o aspecto mais interessante da ação?

 

 

 

 

 

 

EXPOSIÇÃO VIRTUAL DE VIDA INTEGRAL

Desde 2014

 

REDES SOCIAIS COMO UM MEIO POSSIVEL NO PROGRESSO COLETIVO ATRAVÉS DA ARTE

 

 

 

 

            A partir dos pintores impressionistas é possível pensarmos a pintura deslocando-se no tempo e no espaço- Integrando o lugar e a técnica em sua produção, a fim de alcançar o simples  objetivo desse movimento  – observar e fixar as variações das cores sob a ação da luz do sol. Neste sentido deslocam-se do ambiente de atelier para o ambiente externo ao ar livre. CAVALCANTI(1981, p. 78). O crítico Guy Brett ilumina a questão ao afirmar que “não há nada nesse mundo que não seja parte da vida para nós que a vivemos. Toda arte é participativa. Quando olhamos uma pintura, trazemos para ela nossa carga subjetiva”.

Na medida da intersecção entre as obras de arte e a condição que cada sujeito tem para interpretá-la em um dado momento que reside a experiência estética e que, sob a perspectiva educacional, deve ser entendida como um fenômeno dinâmico, que se transforma à medida que o sujeito aprende a viver a experiência. No contexto educacional, não se pode considerar que arte e vida são sinônimos. A vida tem inúmeras dimensões artísticas, mas para tornar-se arte é necessária a sua circunscrição no sistema.

 A partir de aspectos significativos do conceito participativo: “A ideia de participação parece estar sempre presente quando artistas, posteriormente enquadrados em uma tendência estilística, questionam a obra de arte autônoma, única, concluída, realizada e objeto de posse.” (BRETT, 2001, P.8) Quando o suposto conceito de ‘Exposição Virtual de Vida Integral’ propõe em primeira analise descolar a exposição do meio físico para o meio virtual, no propósito de alcançar o objetivo –  exposição virtual participativa.

Buscando o referencial teórico da poética do neoconcretista Hélio Oiticica-  ao próprio conceito de exposição. Ele dizia “ou nós o modificamos ou ficamos na mesma; Museu é o mundo; é a experiência cotidiana.”   Com base neste conceito - explorar novas formas de interação entre o público participante e a obra de arte pictórica exposta, na medida em que questiona-se  os espaços expositivos tradicionais da pintura, precisamente o lugar desta pintura e sua relação com o espectador. Por conseguinte, no lugar de tentarmos definir um conceito geral de participação do público participante, nos voltaremos para os questionamentos formulados nesta pesquisa privilegiamos a  poética (participacionista) de Oiticica, na sua ideia de construção e desconstrução ou deslocamento do seu objeto de pesquisa. Portanto, nos apropriamos desses referencias conceituais para estruturar este trabalho sobre o meio expositivo virtual e a questão participacionista na arte.

Propomos a analise através das ferramentas interativas inseridas nas redes sociais (FACEBOOK) e websites compreendendo ações participativas pelo espectador virtual  frente à imagem da obra pictórica, apresentada na exposição virtual de forma gradual, considerando os fatores de poluição visual - imagética e textual que permeiam o meio de comunicação virtual; tendo como referencia o artista como agente autônomo em seu processo de criação. Entretanto, abre-se ao público participante a interação com a imagem da obra no meio virtual que antecede o contato com o espaço físico. No intuito de acessar o campo visual e o campo do intelecto  deste público participante  na medida que acessa  a imagem e as ferramentas de participação de modo que a leitura do conteúdo e da expressão artística contidos na imagem, acessada através do instrumento tecnológico.  Por  conseguinte levar a exposição modificada  pela reação registrada no FACEBOOK e websites para o meio expositório físico.

Em determinado período a exposição virtual habita o meio físico e possibilita entrar em contato com universo virtual a partir dos instrumentos tecnológicos de mídia; a fim de transmitir a obra, entrelaçada aos elementos tradicionais que envolvem  o formato do espaço físico destinados à exposição de arte. Com o proposito de manter um movimento de exposição  contemporânea transitando o meio virtual e físico, não obrigatoriamente tratando de  arte- tecnológica ou objeto de arte participacionista.

EVENTO NA ARTE

O evento na arte é enfocado neste trabalho por servir de base de análise poética para a “ Exposição Virtual de Vida Integral”.

 

Vários autores tem trabalhado com a ideia de uma obra de arte em tempo real ter assumido várias modalidades de atualização, técnicas e poéticas, uma vez que o tempo real tem sido percebido e definido de diferentes maneiras. Embora a filosofia tenha conceituado o evento sob aspectos distintos, eles sempre conservaram algo em comum: o foco do evento significa ter, dar lugar, acontecer. Como tal está ligado ao tempo e à mudança. (BARROS,2004,p. 218). Num estudo sobre as diferenças entre espaço e lugar na história da filosofia, Edward Casey (1997, p.337) estabelece que o lugar “é um evento capaz de colocar as coisas de maneiras complexas e com efeitos complexos.”

 

De acordo com Heiddger e Casey:       

  “Um evento, mais propriamente, uma apropriação, é sem dúvida temporo-espacial: ser um evento é existir igualmente no espaço e no tempo. Ou mais exatamente: é existir no lugar, porque evento é algo que tem lugar...( HEIDDGER, apud CASEY, 1997, p. 278)”.

 Nesse sentido da analise de Evento, passo a entender a internet como um lugar possível para a Exposição de arte, me apropriando desse tempo e espaço desde 2014 com a ideia do conceito “Exposição Virtual de Vida Integral” até o momento. Embora, o virtual não substitua o real, completa um trajeto, uma forma de percepção, entendido que as duas entidades são requeridas para a concretização desse trabalho. Logo, este modelo virtual e real,  possibilita a cada postagem sequencial trazer para o agente participacionista uma compreensão da narrativa das imagens na exposição, e da própria história que acompanha essas obras.

 

 

 

REAL E VIRTUAL

De acordo com Weissberg, o problema aqui exposto sintetiza simplificadamente a questão de o virtual tomar o lugar do real, correspondendo a uma dicotomia visivelmente exportada das categorias da representação (imagem no lugar do objeto, máquinas no lugar do homem etc.). A decodificação de sua trajetória em termos de evicção ou de predominância do virtual sobre o real é sem dúvida portadora de uma interrogação ética salutar. Por outro lado, não é certo que essa trajetória seja a única em processo. Múltiplas experiências, pesquisas, aplicações tendem a constituir outra cenografia em que os atores (real/virtual, objeto/imagem, conhecimento humano/ programa “inteligente”) ocupam posições inéditas. O objeto virtual se comporta como o modelo ideal do objeto real? Uma interrogação para ser considerada, embora nesse trabalho o intuito não seja se aprofundar, nem afirmar nesse sentido. Considera-se relevante aqui a ideia que o virtual apareça como uma extensão, camada de possibilidades não apenas imaginárias: um pensamento concreto. Considerando o projeto aqui desenvolvido a “Exposição Virtual de Vida Integral” no meio físico, uma vez concretizada, além do processo de criação do autor ser autônomo e físico, a imersão no estúdio de pintura permite realizar as composições pictóricas para serem postadas em tempo real nos meios de comunicação da internet. (WEISSEBERG, 2011, p. 119)

“Os caminhos do virtual não são mais régias, são circuitos que ligam nós. O virtual não se deduz do real por elevação, é extraído dele não por se trata de um ponto de chegada, mas de um caminho. Caminhemos por ele nos detendo nas cenas em que se enunciam certas figuras do composto real/virtual.”( WEISSBERG.J.L.,p.121).

De acordo com Weissberg, o território alimenta, como substrato, como emissor, sua própria simulação. O virtual não substitui, propriamente falando, o real: torna-se uma de suas formas de percepção, num misto em que duas entidades são simultaneamente requisitadas. É do acordo progressivamente obtido entre um e outro que nasce uma interpretação julgada satisfatória. A simulação valida, pois uma leitura visual e restitui sua profundidade. Nova versão do composto real/virtual em que o modelo simulado é alimentado por uma captação ótica real, e em que esta é decodificada por uma experimentação de sua plausibilidade. Virtual e real são duas faces de uma mesma questão. O virtual não substitui o real, e ajuda a lhe dar sentido. Outra forma de copresença do real e do virtual é a que prolonga um no outro. O essencial não está na precedência de um dos termos sobre o outro, mas na articulação deles em um único sistema. Prolongamento por contiguidade da ação do real sobre o virtual ou o inverso, o composto real/virtual, mais uma vez designado, insiste na sua agregação. Ele testemunha uma tendência de prolongar os objetos pelo imaginário – por meio de próteses feitas por um composto imaterial exprimindo potencialidades desatreladas- a dilatar sua conformação material e funcional. O ator torna-se mouse, o mundo real sofre uma transfusão para o mundo virtual e o anima por homologia. E esse mundo tem uma profundidade. O ator humano pode mudar o quadro da ação. Levantando a mão ele “toca” uma zona sensível na tela que lhe faz deixar uma imagem da exposição, para inserir noutra imagem, por exemplo. Aqui também o movimento real é condição de animação do universo virtual. A aparência aqui é suspensa pelo exercício de um olhar/ação. O gesto artístico é a concepção desse percurso, muito mais que as próprias imagens? Modalidade de acesso adequada à natureza dessas imagens, esse gesto consagra um regime de visibilidade em que a ação real é condição de uma visão sobre o virtual?

O virtual ganha aqui uma consistência inédita. Não apenas o espaço geométrico está implicado aqui, mas também as ferramentas aí situadas, assim como os objetos que essas ferramentas podem criar. Mas não se pode esquecer: é esse homem “real” que dá consistência a esse mundo virtual. Seu olhar, seu deslocamento, sua voz, sua ação potencial simbolizada pela imagem de sua mão. Composto real/virtual, também aqui, entre a ação humana “real” e o ambiente “virtual”.

Essas experiências renovam as interrogações sobre o estatuto da percepção. Fora de um campo psíquico-fisiológico, inventam um meio de experimentação, entremeando o exercício comum da visão, do tato, da preensão com outros protocolos inéditos, pois se trata ao mesmo tempo de estar em relação sensível com um ambiente e simultaneamente estar livre dele. Essa distinção de um projeto puramente experimental, nos aproxima, em certos aspectos, do programa da fenomenologia. Husserl, Bergson, Merleau-Ponty, entre outros, já tinham explorado o significado da presença, da partilha espaço-temporal para fundar na existência perceptiva um ser no mundo não mais puro espírito, mas sujeito corporalmente encarnado e produzido dessa encarnação. Continuando, a “purificação” das funções perspectivas necessárias à sua ordenação funcional obedece a um principio: o corpo do experimentador é o seu centro de gravidade. É por ele e através dele que tudo acontece. Ele está realmente no seu ambiente, ele o habita. Desaparece assim toda distinção entre representação e suporte. Por exemplo, ele pode apreender imagens de telas de computador, deslocá-las, deformá-las, e ativar os comandos nos menus que percorre com sua mão virtual. (WEISSBERG, 2011, p.120)

Segundo Merleau-Ponty: “ Meu corpo está entre as coisas.. (ele as têm) em volta dele, elas estão encrustadas na sua carne, fazem parte da sua definição plena e o mundo é feito da matéria mesma do corpo”.  (Op. Cit., p. 19)

 

 

CONSIDERAÇÕES:

Passarei a seguir relatar a síntese do processo da Exposição Virtual de Vida Integral:

A partir do momento que em postei a proposta deste trabalho na internet. Obtive imediatamente uma repercussão em termos nacionais e internacionais, que revela o que passarei a descrever resumidamente, as formas de interação e o resultado obtido com está Exposição Virtual.

Recebi convites de artistas, galerias, escritores, fotógrafos, jornalistas, internautas no FACEBOOK, o que demonstrou um grande interesse e uma intuição no sentido de despertar sentimentos no público, através das postagens das obras, dos vídeos-arte com trilhas ao piano autoral, poesias autorias e textos críticos.

O olhar dos críticos de arte internacionais, especialmente da Espanha, fora positivo, afirmaram que o trabalho obteve êxitos concretos e reais.

 “A autora procura a construção visual na pintura e vídeo atingindo uma intensidade que deseja colocar como um gesto de apropriar-se da vida transformando em luz a sua angústia pessoal, todos os tons ...Harmônico, delicado e intenso que contrastam e transcendem a técnica. L'autora cerca la construccio visual tant en pintura com el video aconseguint una intensitat que vol situar com un gest per apropiar-se de la vida transformant en llum la seva angoixa personal, tot plegat ... tonalitats delicades i harmoniques intenses i constrastades que transcendeixen la tecnica. Felicidades por el éxito conseguido.”  — em  Circuit Artístic. (Eva Cunill – Diretora de Arte- Barcelona/Espanha)

Importante registrar a participação e interação dos internautas em minhas redes sociais e website, com mais de mil seguidores até o momento,  mais de quatro mil convites para adicionar  no FACEBOOK, quase duas mil curtidas na fanpage, e quase mil “likes” na website, num curto período de tempo.

 

 

 

 

 

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

 

 Denise Grinspum - publicado na revista DasArtes Nº 10 JUN.JUL 2010 “ Toda Arte é Participativa” – In web (http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/artigos/artigo.php?id=69412&)

 

CAVALCANTI, Carlos. Como entender a pintura moderna. Rio de Janeiro; Editora Rio, 1981.

 

In Web: http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vygotsky_-_sua_teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf

 

MATISSE, Henry. Escritos e reflexões sobre arte. São Paulo: Cosac Naify, 2017.

OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999.

Arte em pesquisa: especificidades. Ensino e Aprendizagem da Arte; Linguagens Visuais/ Maria Beatriz de Medeiros (Org.)- Brasilia: DF.: Editora da Pós-graduação em Arte da Universidade de Brasília, 2004. V. 2.

Imagem-máquina: a era das tecnologias do virtual; organização de André Parente; tradução de Rogério Luz et al.- Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. ( Coleção TRANS)

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 1997.

 (A Obra de Arte na era de sua produtividade técnica – Texto de Walter Benjamin publicado 1955)In Web: http://www.mariosantiago.net/textos%20em%20pdf/a%20obra%20de%20arte%20na%20era%20da%20sua%20reprodutibilidade%20t%C3%A9cnica.pdf

BARTHES, Roland. O Óbvio e o obtuso: ensaios críticos III; tradução de Léa Novaes. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

ARANTES, Priscila. Arte e Mídia: perspectivas da estética digital. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.

GOETHE, Johann Wolfgang. Escritos sobre arte; Introdução , tradução e notas de Marco Aurélio Werle.- 2 Edição- São Paulo: Associação Editorial Humanitas, São Paulo: Imprensa oficial do Estado de São Paulo, 2008.( A formação da Estética, 1)

Comunicação, cultura e mídias sócias; Maria Immacolata Vassallo de Lopes, Margarida Maria Krohling Kunsch (organizadoras) – São Paulo: ECA-USP, 2015.

SPRICIGO, Vinicius Pontes. Arte e tecnologia: a poética participacionista de Hélio Oiticica e a arte tecnológica contemporânea – Curitiba: CEFET-PR, 2004. (dissertação de mestrado)

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